Mulheres na Ciência: um marco importante na educação mundial

por Talissa Monteiro – Jornalista e Ex Aluna IEPR

O dia 11 de fevereiro foi escolhido pela ONU como o Dia Internacional das Mulheres na Ciência, um importante marco na luta pela igualdade de gênero. No ensino superior, elas já são maioria (25%) em comparação aos homens brasileiros (18%). Ainda que tenham mais dificuldade de conseguir emprego depois de formadas, os dados mostram a importância das conquistas das últimas décadas.

Em muitos países, porém, a educação é um sonho distante para meninas e mulheres. São vidas marcadas pela opressão e desigualdade de gênero. No norte de Uganda, por exemplo, onde estive como jornalista, a maioria das meninas param de estudar por volta dos 14 anos para se casarem e cuidarem da família. No Afeganistão e no Paquistão, há diversas regiões onde as adolescentes são proibidas de estudar por grupos extremistas, como o Talibã.

Esta história foi vivida e contada pela Nobel da paz, Malala Yousafzai, paquistanesa que foi baleada por membros do Talibã em 2012. Em seu livro, ela explica a situação das meninas em sua aldeia: “Nasci menina num lugar onde rifles são disparados em comemoração a um filho, ao passo que as filhas são escondidas atrás de cortinas, sendo seu papel na vida apenas fazer comida e procriar”. Mas Malala foi uma exceção, contando com o incentivo dos seus pais para estudar. Hoje, representa uma das principais vozes pelas mulheres na educação e na ciência.

Dado esse contexto, não é de se espantar que cientistas com descobertas essenciais tenham tido seu nome apagado na história. Por isso, trazemos aqui alguns perfis e suas contribuições para a ciência mundial:

Marie Curie: A física polonesa, que viveu entre 1867 e 1936, fez importantes descobertas relacionadas ao campo da radioatividade. Ao lado do marido, Pierre Curie, ainda encontrou dois elementos da tabela periódica: o rádio e o polônio. Além de ter sido a primeira mulher da história a ganhar um Nobel, e por duas vezes: o de Física, em 1903, e o da Química, em 1911.

Françoise Barré-Sinoussi: A francesa, Nobel de Medicina (2008), descobriu o vírus causador da AIDS, o HIV, em 1983. Hoje, ela é presidente da Sociedade Internacional de AIDS e segue salvando vidas com o seu importante trabalho.

Katie Bouman: Com apenas 29 anos, a jovem cientista norte-americana fez uma das descobertas mais importantes da atualidade: fotografou pela primeira vez um buraco negro, ao liderar o desenvolvimento de um programa de computador que permitiu a decodificação de dados extraídos de telescópios pelo mundo.

Jocelyn Bell Burnell: A astrofísica britânica descobriu as primeiras pulsares (estrelas de nêutrons), com um campo gravitacional 1 bilhão de vezes maior que a gravidade da Terra. No entanto, seu nome não aparece no prêmio Nobel que contemplou a equipe responsável pela pesquisa, em 1974.

Mayana Zatz: O Brasil também é cheio de mulheres fazendo história na ciência. Um exemplo é a geneticista Mayana Zatz, um dos maiores nomes da pesquisa com células-tronco e doenças neuromusculares. Atualmente, Mayana faz importantes avanços para compreender mecanismos causadores de doenças genéticas no Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP).

Ada Lovelace: Nascida em 1815, a filha do poeta inglês Lord Byron, foi uma importante matemática e escritora, responsável por ter escrito o primeiro algoritmo para ser processado por uma máquina, que computou valores de funções matemáticas. Pelo feito, é considerada a primeira programadora da história.

A dica da semana é o livro As Cientistas: 50 Mulheres que Mudaram o Mundo – Rachel Ignotofsky, com ilustrações e descobertas das grandes cientistas do mundo: